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O Brasil e suas tramas e Bom de Ler#2

Atualizado: 20 de jul. de 2023

Breve descrição da tecelagem no Brasil, artesãos que me representam, e o livro do dia.



Hoje vou fazer um post agregando os dois temas do título. Este post não é, absolutamente, um estudo das origens da tecelagem no Brasil, mas somente reproduz, com humildade e admiração, uma pequenina parte da história desta arte entre nós. Para tanto, utilizo alguns livros que possuo, dentre os quais um deles fará parte do nosso Bom de Ler de hoje. O tema, como será tratado aqui, estará longe do plenamente correto, mas tem o intuito de instigar a curiosidade daqueles que quiserem se aprofundar no assunto.


Bom de Ler#2 traz o livro de Dinah Bueno Pezzolo - Tecidos: História,Tramas, tipos e usos. Tenho a 1a. edição, de 2007 (Ed. Senac), mas atualmente já está na 6a. edição (2021). Além da descrição histórica, há toda uma descrição bastante rica dos tecidos de algodão, lã, linho e seda, além de descrições sobre a tecelagem e sua classificação, fibras naturais e sintéticas, tecidos africanos (tecidos kenté são exemplos mostrados no livro - divinos), e uma seção dedicada aos novos tecidos, resultado do aprimoramento da técnica em escalas industriais avançadas. Aos estudantes e profissionais de moda, é leitura obrigatória (em minha opinião!); aos artesãos têxteis, um ótimo livro a ser incluído em nossas listas de leitura. Para quem tiver interesse em adquirir, é só clicar na figura abaixo:




De acordo com Dinah Pezzolo, a tecelagem no Brasil vem de longínquos tempos. Por volta de 1519, navegadores portugueses, quando aqui chegaram, encontraram o algodão selvagem, que era cultivado, fiado e tecido pelos índios, para a fabricação de redes, peças para o uso corporal e também tochas. Durante os séculos XVIII e XIX, tecidos vindos de Portugal eram amplamente consumidos no Brasil, desde tecidos finos até a chita, considerada um tecido menos nobre e destinada aos escravos, operários e colonos, por ser mais barato e adequado ao clima brasileiro. Com o desenvolvimento da mineração em Minas Gerais, houve na região uma concentração de camadas sociais mais pobres, e consequentemente, um aumento da demanda pela chita; a tradição de fiar e tecer em casa, portanto, se estabeleceu em muitos lares, onde passou a ser comum encontrar um tear de madeira e uma roda de fiar, e assim roupas e colchas eram produzidas para a família. Portugal não gostou muito desta idéia, claro. Se pessoas podiam produzir sua própria chita e outros tecidos de algodão em casa, por que iriam comprar de fora?? deste modo, um decreto português de 1785 resolveu "acabar com a farra", e proibiu a manufatura no Brasil, fosse à mão, fosse industrialmente. Somente em 1869, a indústria de tecidos Cedro e Cachoeira, de Minas Gerais, pode, finalmente fabricar chita em larga escala no Brasil.


Foto: https://lojapaiol.com.br/a-tecelagem-manual-de-minas-gerais/


Assim nascia um dos saberes artesanais mais queridos do Brasil: a tecelagem mineira, que carinhosamente chamamos pelo nome do equipamento, o "tear mineiro". De meio para suprir necessidades do povo, passou a ser artesanato reconhecido internacionalmente.


De geração em geração, a tradição continua viva no Centro-Oeste, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Sul do Brasil, e no sul, sudoeste e noroeste de Minas, além do Triângulo Mineiro, de acordo com a pesquisa de Claudia Renata Duarte, cujo livro, A Tecelagem manual no Triângulo Mineiro: história e cultura material, de 2009, que descreve o desenvolvimento da tecelagem manual na região, apresenta entrevistas com tecelãs e fiandeiras, e discute os desafios destas artesãs frente à modernidade. (https://amzn.to/3ZCBYxT - link para quem quiser adquirir). Excelente leitura complementar para quem gosta de história, com direito à apresentação de alguns repassos, fotos coloridas, e a bela narrativa de Marina Colasanti, a fábula da Moça Tecelã , que fecha o livro.


(Para quem quer adquirir, só clicar na figura)


Artesanato têxtil do bom - alguns exemplos


Agora, vou falar um pouco de artesãos que conheci ao longo desta jornada, e que são fontes de inspiração até hoje, devido à qualidade do material disponibilizado, incluindo gratuito:


  1. Pequeno museu da tecelagem




Este site foi criado em 2002, pelo prof. René Scholz, renomado mestre tecelão que vive no Paraná. Filho de Zélia Scholz, consagrada tecelã mineira, mas que passou boa parte de sua vida no Paraná (http://zeliascholz.blogspot.com), Prof. René, juntamente com outros artesãos de várias partes do mundo criou um espaço virtual para divulgação da arte têxtil, além de disponibilizar vários links para downloads de materiais gratuitos, entre eles, um livro já esgotado que é uma verdadeira jóia entre os tecelões, pois apresenta diversos repassos e suas receitas, além de uma descrição histórica: Tecelagem Manual no Triângulo Mineiro: uma abordagem tecnológica (Ed. da Subsecretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1984). Simplesmente divino.




2. Prof. Rodrigo o Tecelão



Site riquíssimo do mestre Rodrigo, o Tecelão, que vive em Itatiaia, RJ, onde também mantém seu ateliê. O site contém muitos links importantes, além de dicas para quem está iniciando ou já atua na tecelagem.


3. Kátia Torba Tecelagem Artesanal (https://tecelagemartesanal.wixsite.com/katiatorba)


Kátia é uma querida, e tenho imenso carinho e respeito pelo caminho que ela, e tantos outros abriram para mim e muita gente que iniciou na tecelagem. Além de ser uma artesã multifacetada ( além de tecelagem, atua no patchwork, feltro e outras artes), é autora de e-books excelentes para quem é iniciante (e quem não é, também). Além disso, foi Kátia quem me abriu as portas para minha publicação em revistas de artesanato. Foi uma honra trabalhar com ela.



Ainda tem muita gente de fora desta lista...mas vou atualizando

Muitos artesãos ainda irão aparecer por aqui, então aguardem pois aos poucos vou trazendo o que conheço e gosto. Por hoje é só, pessoal. Ainda não sei o assunto do próximo post, mas pensarei com carinho. Até lá, divirtam-se com os links deixados aqui!


Até a próxima!


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